Bem, de volta a falar sobre o show a ser concluído no interior, o convite foi para que participássemos de um festival de Rock na cidade de Aguaí, no estado de São Paulo. Fora uma iniciativa da secretaria de cultura municipal daquela cidade, a tratar-se de um festival com cunho competitivo, mas pelo menos a realizar-se sob o formato de uma mostra, e não a conter participações com uma música apenas, e a conter bandas locais, além de cidades da região, também, e dois headliners "famosos" para abrilhantar os seus dois dias de realização. O "Ira" faria o encerramento em uma noite, e A Chave do Sol, no outro, portanto, como atrações principais. Ficamos lisonjeados por sermos considerados como uma banda a ostentar a "aura" em transitar pelo mundo "mainstream", sem o sermos de fato, diferentemente do "Ira", que gozava desse status, verdadeiramente. Foi um sinal claro da nossa condição como emergente ao final de 1985, e que ficaria ainda mais acentuada no ano seguinte, 1986, conforme eu relatarei na cronologia adequada.
A aspirante a empresária, Cristiane Macedo, estava conosco há pouco menos de dois meses, mas na prática, não havia proporcionado-nos absolutamente nada de concreto, a não ser especulações sobre supostas colocações que nunca viabilizaram-se. Todavia, assim como ocorrera anteriormente em Botucatu / SP, e nos shows posteriores que cumprimos nesse período. por São Paulo / capital e adjacências, ela acompanhar-nos-ia como membro da comitiva, para Aguaí / SP, na condição de produtora / empresária etc. Desta feita, além do Edgard Puccinelli Filho, como roadie, levamos também o Canrobert para operar o P.A. e um amigo que conhecíamos há algum tempo, de uma forma inusitada, na persona de Rodolfo Tedeschi, o popular, "Barba". Abro um parêntese para falar desse rapaz, pois não obstante o fato de ser um sujeito "boa praça", a curiosa maneira com a qual o conhecemos, merece registro. O "Barba", era morador do mesmo bairro onde o Rubens morava, e foi aquele tipo de vizinho do qual fica-se por anos, a cumprimentar, mas do qual nada se sabe, nem mesmo o nome. Segundo o Rubens, fazia tempo que conheciam-se "de vista", mas nunca haviam conversado ou estabelecido a amizade de uma forma concreta. Um dia, surgiu a oportunidade, ao falarem sobre música, e naturalmente tal assunto veio à balia, ao verificar-se a movimentação em torno do "entra e sai" de cabeludos a carregar estojos de guitarra; baixo, peças de bateria, na residência do Rubens. Enfim, daí, o "Barba" disse ser um fotógrafo e logo que mostrou alguns trabalhos dele, nós apreciamos os seus clicks. Dessa forma, surgiu assim a ideia em levá-lo para fotografar alguns shows. Tínhamos sempre amigos a cumprir informalmente essa função, como o Carlos Muniz Ventura, por exemplo, mas nessa ocasião, convidamos o "Barba" para ir conosco e fotografar-nos em Aguaí e ele aceitou a tarefa. Tremenda pessoa agradável no trato social, foi um prazer contar com ele na viagem e da parte dele a recíproca mostrou-se verdadeira, ao gostar da possibilidade de viajar conosco, e a estar envolvido na comitiva de uma banda de Rock etc.
E assim fomos para Aguaí, onde logo de imediato, observamos a publicação de uma matéria no jornal local, com destaque, pois o Rubens concedera entrevista por telefone, alguns dias antes e ao chegarmos à cidade, verificamos que havia cartazes; filipetas e faixas espalhadas pelas principais ruas e avenidas, ou seja, o trabalho de divulgação fora bem conduzido e os organizadores estavam motivados, a esperar por um bom público.
Na data em que tocaríamos, estavam escaladas bandas locais e algumas de cidades vizinhas, como eu já salientei, mas entre elas, houve uma coincidência interessante, na presença do : "Zenith", banda onde o nosso vocalista, Beto Cruz, havia tido uma passagem recente. As bandas escaladas foram : "Cabeças y Lustres"; "Draco"; "Calibre 12"; "Sociedade Anônima"; "BR"; "Éden" e o "Zenith", já citado. Assim que chegamos no local onde realizar-se-ia o show, a tratar-se de um enorme pátio, ficamos contentes em ver que o equipamento de P.A. contratado era de bom nível e adequado à demanda de público que esperavam contar no local, fora a iluminação que se não seria o equipamento do "Queen", mostrou-se razoável.
Continua...
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