quarta-feira, 20 de maio de 2015

Autobiografia na Música - A Chave do Sol - Capítulo 256 - Por Luiz Domingues


Então, foi claro que mesmos dispostos a reformular com bastante ênfase, não poderíamos ser tão radicais ao ponto em ignorar tais preceitos básicos que eu citei anteriormente. Enfim, as músicas : "Um Minuto Além"; "Crisis (Maya)"; "Luz"; e "18 Horas", deveriam continuar no repertório de shows, normalmente, por uma questão de coerência. Não tínhamos previsão para shows em curto prazo. Todavia, apesar desse hiato, não houve motivo para  preocuparmo-nos, pois os ventos foram favoráveis, e a parada estratégica tornara-se conveniente para tal esforço de renovação. Além disso, a questão da gravação de uma demo-tape e sobre a estratégia para abordar gravadoras, seriam as tarefas mais importantes que poderíamos executar nesse momento, e foi exatamente o que fizemos.
Para aproveitar essa falta de compromissos em curto prazo, o Beto programou uma viagem à Nova York, para o primeiro semestre de 1986, com o objetivo em buscar alguns equipamentos e instrumentos. E também nesse espírito de renovação, eu e Zé Luiz empreendemos uma forte ação na parte estrutural da banda, ao criarmos diversos mecanismos para o fã-clube e a incrementar mais material de venda de shows, e merchandising da banda. Aproveitamos, portanto, esse tempo sem shows que tivemos para também investirmos na organização do fã-clube. Na verdade, já mantínhamos uma rotina forte com o nosso "escritório", desde 1983, mas à medida que a banda cresceu, o movimento de fãs aumentava também, e além da demanda, sentíamos a necessidade de melhorar os serviços, a objetivar oferecer mais produtos de merchandising. 

Tal necessidade tornara-se premente, e claro que precisávamos aproveitar o interesse espontâneo dos fãs. Então, em junho de 1985, resolvemos lançar um informativo sobre as novidades geradas pela banda, com a ideia de ser na prática, um boletim periódico e enviado gratuitamente para os membros do fã-clube, via correio. Fora disso, percebemos que além dos itens básicos , como discos e camisetas, as pessoas costumavam pedir muito : fotos da banda e as letras das músicas. Pois ao levar em conta esse sinal que veio das pessoas, passamos a oferecer tais produtos e desde então, tornou-se uma fonte de renda extra para a banda, ao ajudar bastante na manutenção do fã-clube. 

Contudo, mesmo a vender tais produtos pelo correio e também nos shows ao vivo, chegamos em um ponto onde enviar o informativo para duas mil pessoas, tornou-se inviável financeiramente, e dessa forma, passamos a cobrá-lo dos nossos associados. Claro que a adesão foi reduzida, mas ao menos, quem ficou, observou a gradativa melhora do material enviado, e nos anos de 1986 e 1987, o informativo ganhou a aura de uma quase revista, com colunas; seções, e por ficar ricamente ilustradas com fotos, doravante. Eu escrevia todos os textos e o Zé Luiz fazia a diagramação. Ele comprava o material na papelaria, e eu visitava o correio para efetuar as postagens. Éramos uma equipe a conter apenas dois membros, porém, trabalhávamos em perfeita afinação, visto que esse esforço foi importante para o nosso bem mútuo. 
Eliane Daic, namorada do José Luiz Dinola na ocasião, e produtora da banda, em foto de novembro de 1985

Para não despertar a atenção de que nós mesmos é que preparávamos tudo, inclusive ao responder as cartas (eu as respondia, de punho), usamos o nome da namorada do Zé Luiz à época, Eliane "Lili" Daic, como se ela fosse a responsável. De fato, ela ajudou-nos muitas vezes em tarefas manuais, como envelopar os informativos e filipetas de shows, além de tarefas gerais, mas nunca foi a responsável pelo fã-clube, como alardeávamos, publicamente. Usamos também o nome do nosso amigo, Claudio T. de Carvalho como um colaborador, mas foi sob a mesma circunstância do caso da Eliane. Ao final de 1986, esboçamos uma profissionalização do fã-clube e chegamos ao ponto em contratar um funcionário para auxiliar-nos, a tratar-se do hoje, saudoso, Eduardo Russomano, que também tornou-se nosso roadie, entretanto isso eu revelo mais para a frente, na cronologia.

Continua...



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