Uma nova oportunidade para participar de um programa de TV
surgiu, mais ou menos nessa época. Foi o Programa Miguel Vaccaro Netto,
uma produção independente, exibida no canal comunitário de São Paulo. O
convite surgiu não para a Patrulha do Espaço exibir-se, propriamente
dito, todavia, para o Junior participar de um debate com outros
convidados, a falar possivelmente sobre o panorama musical daquele
instante, 2001. Então, fui com ele a um pequeno estúdio
localizado na Vila Sonia, bairro da zona sudoeste de São Paulo, em uma tarde quente de
um dia de semana.
O músico e jornalista/crítico musical, Régis Tadeu
O hoje saudoso crítico musical, Toninho Spessoto
A banda "La Carne", cujo guitarrista que compareceu ao debate, é o primeiro à esquerda e se chama: Jorge Jordão
Sérgio Dias, o mito mutante que dispensa maiores apresentações
Ao chegarmos lá, soubemos que além do mediador,
Miguel Vaccaro Netto, participariam também os jornalistas, Régis Tadeu e
Toninho Spessoto, além do guitarrista da banda independente, "La Carne" (Jorge Jordão), e
Sérgio Dias, guitarrista dos Mutantes.
A Chave do Sol reunida no gabinete de Miguel Vaccaro Neto, em 1986. Da esquerda para a direita : Eu, Luiz Domingues; Rubens Gióia, Sonia Magno (sócia de Miguel), Miguel Vaccaro Netto, Beto Cruz e José Luiz Dinola.
Eu detinha um envolvimento
profissional pregresso, com o Miguel Vaccaro Netto, pois ele houvera sido empresário da minha banda, A Chave do
Sol, em um curto período ocorrido entre 1986 e 1987. Não fora uma experiência
positiva, mas tantos anos depois, não haveria por que guardar-se ressentimentos, e
eu fui tranquilo, sem nenhuma preocupação em revê-lo. E de fato,
a culpa por esse fracasso não havia sido dele, diretamente, mas sim de
seus associados que... bem, conto essa história com detalhes no capítulo d'A Chave do Sol,
naturalmente !
Quando chegamos ao estúdio, fomos bem recebidos por uma
produtora, e na sala de espera, encontramos com Régis Tadeu e
posteriormente, com Toninho Spessoto. O Régis Tadeu era um velho
conhecido. O Junior o conhecia há muito tempo e eu, desde 1997, quando
ele entrevistou o Pitbulls on Crack, para a sua revista, Cover Guitarra. Sobre o Spessoto, eu só o conhecia de vista, e sabia que fora editor da Revista Bizz e que ele mantinha um programa na All TV, uma TV de Internet, algo relativamente novo no campo da Internet. O
Sérgio Dias chegou e também foi gentil, ao conversar amistosamente conosco na rodinha formada com
amigos. A sua esposa, Lourdes, foi bem simpática e contou-me que estava
a estudar para tocar baixo, e ao confundir-me, por conta do antigo apelido
que eu usava, veio perguntar-me sobre questões técnicas do instrumento,
ao pensar que eu fosse o famoso luthier que detinha o mesmo apelido. Desfeita a confusão, ficamos amigos e conversamos algumas vezes doravante, em outras ocasiões onde encontramos com ela e Sérgio. Então, algo inusitado ocorreu...
O
Miguel apareceu e cumprimentou a todos com muita educação e simpatia, e
quando veio saudar-me, eu notei nitidamente que ele simplesmente não me
reconhecera. Eu fiquei um pouco atônito com essa reação, mas ao constatar que fora
um lapso realmente da parte dele, mantive-me discreto, e não achei adequado
lembrá-lo d'A Chave do Sol, e sobre o tempo em que ele tentara empresariar-nos etc. Ninguém notou o meu ligeiro constrangimento no ambiente e tudo seguiu, sem sobressaltos.
O
debate começou, enfim. Tratou-se de um programa gravado e portanto, foram
filmados quatro blocos com aproximadamente doze minutos cada participante, que somados
aos intervalos comerciais, culminaria em uma hora de exibição na edição final.
Decepcionei-me,
contudo, pois com tantas pessoas gabaritadas naquela mesa, eu particularmente esperava por um
debate interessante, com muita informação e opinião contundente da parte
de todos. Todavia, logo na primeira pergunta, o Miguel jogou o debate na
vala comum da mesmice, ao perguntar para cada um, o que significava o
Rock... ou seja, um bloco inteiro foi gasto com considerações tolas por
parte de todos, na base do: "Rock é atitude", "Rock é a expressão da
juventude revoltada com a sociedade" e outras frases feitas e vazias.
Posteriormente,
o debate melhorou um pouco, com a conversa a evoluir para uma questão
pertinente àquele momento, quando envolveu a guerra entre a pirataria de
discos e as gravadoras, os prós e contras para o artista
independente etc. Mas em momento algum foi realmente um debate interessante, pois esbarrou em obviedades. Além
disso, o programa era obscuro por natureza e por ser exibido através de uma TV comunitária com
audiência zero, praticamente, pouco, ou nada, para ser mais preciso,
acrescentou à Patrulha do Espaço, ou aos demais participantes.
Uma última
nota curiosa sobre esse evento: um rapaz da produção levou consigo uma foto dos
Mutantes, tirada em um show no interior do Paraná (Umuarama? Maringá?), não lembro-me mais em qual cidade com certeza, em 1972. Tratou-se de
uma foto tirada pelo pai ou mãe do rapaz, que assistiu o show e
portanto, era raríssima. Nessa foto, os Mutantes estavam a tocar
em um caminhão de trio elétrico, improvisado como palco. Prática incomum
para os anos setenta, mas certamente foi algo inusitado e improvisado,
por que não houve, quero crer, uma outra alternativa para o show acontecer na ocasião. O
Sérgio apreciou a foto e lembrou-se do show em questão, ao confirmar que tudo fora
improvisado, pois o show não pode acontecer no clube local, por
problemas técnicos, segundo relatou.
Pouco tempo depois, a Patrulha do Espaço
receberia um novo convite para participar novamente do Programa Miguel
Vacaro Netto, mas desta vez, eu e o Rodrigo Hid representamos a banda nessa segunda oportunidade. Tenho
uma cópia desse debate que o Junior participou e assim que possível,
vou postá-lo no You Tube, para os fãs da Patrulha do Espaço ter esse material
disponível ao seu alcance. Tenho também a segunda participação no programa, comigo e
Rodrigo, e também está nos planos disponibilizá-la.
Continua...
Neste meu segundo Blog, convido amigos para escrever; publico material alternativo de minha autoria, e não publicado em meu Blog 1, além de estar a publicar sob um formato em micro capítulos, o texto de minha autobiografia na música, inclusive com atualizações que não constam no livro oficial. E também anuncio as minhas atividades musicais mais recentes.
sábado, 23 de maio de 2015
Autobiografia na Música - Patrulha do Espaço - Capítulo 80 - Por Luiz Domingues
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